Monitores e adolescentes do Cidadania Jovem de Pedreira, em São Paulo, receberam no último final de semana o minicurso “Gesto e Desenho”, da artista visual Adalgisa Campos. A programação teve início na noite de sexta-feira, 9 de agosto, quando a artista se reuniu com um grupo de monitores do projeto na Câmara Municipal. A exemplo do que aconteceu no mês de julho em Demerval Lobão, no Piauí, Adalgisa abordou as relações entre o movimento do corpo (gesto) e seus efeitos no ato de desenhar, propondo exercícios básicos com a utilização de carvão e lápis.
“A ideia desse minicurso é de ampliar repertório, ou seja, a partir do que cada corpo pode fazer, ampliar as possibilidades conhecidas pelo dono do corpo. Então, não é corrigir um tipo de desenho ou substituir o que a pessoa acha por outra coisa, mas propor, com exercícios bem básicos de uso de materiais também simples e básicos, que se ampliem as experiências da pessoa em relação ao próprio corpo e ao uso desses materiais através do próprio corpo”, explica a artista.
Para os monitores do projeto, o minicurso complementa a capacitaçãoNessas práticas, não há sugestão de figuras ou formas para o desenho. O que importa são os traços enquanto resultado dos gestos, avaliados pela artista e alunos em detalhes como força, velocidade, amplitude e regularidade: “O objetivo é mostrar as possibilidades de condução de um trabalho sobre artes que não seja focado na representação. O foco não é o quê desenhar, mas como desenhar, como funciona o desenho”.
Para os monitores, o minicurso foi um complemento à capacitação oferecida pelo Cidadania Jovem. “Foi uma dinâmica muito boa. Algumas pessoas, me parece, não tinham muito contato com esse tipo de prática, então houve uma conversa bem interessante com o público” avalia Adalgisa.
Adolescentes de Pedreira e os bambus para produção de penasNo sábado, o trabalho foi com os adolescentes de Pedreira, que puderam conhecer e experimentar três conjuntos de materiais: papeis escuros e pastel seco; papéis coloridos e tinta guache; papel mais transparente, nanquim e penas de bambu, que Adalgisa ensinou a fazer com a manipulação de estiletes. O objetivo foi proporcionar o primeiro contato com materiais até então desconhecidos para a maioria dos jovens.
“Esse minicurso é uma oportunidade de formação para os jovens e também uma experiência de condução de atividades para os monitores. Uma ‘dobradinha’ proposta pelo projeto como forma de pensar as duas coisas andando juntas”, finaliza a artista.
Enduro a pé no Piauí
Em Demerval Lobão (PI), a atividade do dia foi um enduro a pé. Acompanhados pelos monitores, os adolescentes deixaram a escola que sedia o projeto em direção a um balneário, passando por diversos bairros durante a caminhada. De acordo com a coordenadora das oficinas, Leidiane Neres, na brincadeira, típica e bem antiga na cidade, foram distribuídos aos jovens mapas do percurso com indicações de pontos de parada. Nesses locais, foram realizadas algumas provas, como procurar objetos escondidos em alguns pontos e responder a perguntas sobre os locais e bairros por onde passavam.
Em Rio Preto da Eva (AM), os adolescentes também foram às ruas e, na volta, gravaram vídeos sobre o que viram nos bairros e o que esperam de melhorias no futuro.
Em Cascavel, no Paraná, a atividade principal foi de recortes e colagens sobre as famílias e finalização dos cadernos de recordações que os jovens vão usar durante as oficinas.