Música, canto e História envolvem adolescentes do CJ

Foram dois minicursos, com a cantora Lucila Novaes e com o jornalista Marcus Ozores

Duas oficinas itinerantes realizadas no último final de semana por especialistas convidados tiveram resultados surpreendentes pela participação de monitores e adolescentes do Cidadania Jovem. Rio Preto da Eva, no Amazonas, recebeu a cantora e compositora Lucila Novaes, com o minicurso “Semeando…”, de música e canto coral. Em Demerval Lobão, o sociólogo e jornalista Marcus Vinícius Ozores apresentou a oficina “Vamos Contar nossa História”.

Lucila Novaes é formada em música (piano), vencedora em diversos festivais brasileiros como intérprete e maestrina de dois corais infantis e do Instituto Trovadores Urbanos, da capital paulista. Também em São Paulo, trabalha como professora de musicalização infantil. Na sexta-feira, 30 de agosto, ela esteve na Câmara Municipal de Rio Preto da Eva, para onde atraiu monitores do projeto, universitários e profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, entre outros participantes.

Na oficina, a artista apresentou algumas canções para falar sobre técnicas de canto, composições, escolha de repertórios e dinâmicas que podem ser utilizadas com grupos de crianças e adolescentes. “São dinâmicas que acalmam, que trabalham ritmo com percussão corporal. São músicas de organização, mais poderosas que as palavras quando a gente quer posicionar as crianças e elas ficam saindo toda hora do lugar.  Então a gente canta uma música e todos obedecem”, brinca a artista, que propôs o exercício aos adultos e gostou do resultado: “Todos se envolveram, voltaram a ser crianças e aproveitaram muito, se divertiram muito, meu intuito foi alcançado”.

No dia seguinte, sábado, ela vivenciou essas dinâmicas no encontro com os adolescentes do Cidadania Jovem, que fizeram os exercícios rítmicos e cantaram diferentes músicas. “Músicas que falam de amor, de futuro. Entrei um pouco no universo deles, cantando um trecho de ‘Sonhar’, do MC Gui, ‘Fico assim sem você’, do Claudinho e Buchecha, outra música com percussão corporal em africano e ‘O Sol’, do Vitor Kley, que faziam parte das dinâmicas. Eles viram como podem cantar, como eles podem se permitir cantar. Foi muito divertido e gratificante”, conta.

Lucila teve boas surpresas. Durante um exercício de percussão corporal, percebeu que um dos meninos não usava as mãos, mas o chinelo de dedo, que batia no chão com muito ritmo. Ao estimulá-lo para ser baterista na dinâmica, viu surgirem novos interessados e acabou montando uma bateria de cinco chinelos. Descobriu ainda um menino e uma menina que já compõem músicas. “O menino, Wesley, se sentiu tão importante em falar que escrevia, que quando acabou a oficina ele ficou mais um tempão conversando comigo e pedindo dicas”, lembra ela.

A artista falou então sobre a proposta de criar um hino para o Cidadania Jovem junto com os adolescentes do projeto. “Os olhinhos dele brilharam: você me ajuda? Lógico que eu te ajudo, respondi. A gente tem de ver a melodia, a letra, o que a gente pode usar e vamos dar sequência a esse curso”. No final da conversa, ela passou seus contatos para receber as composições e enviar mais orientações ao garoto.

Museu itinerante

Já ministrado em Pedreira (SP) e Rio Preto da Eva (AM), o minicurso “Vamos Contar nossa História”, do jornalista e sociólogo Marcus Vinícius Ozores, chegou a Demerval Lobão na noite de sexta-feira, também na Câmara Municipal, e foi dirigido aos monitores do projeto.“Um grupo muito interessado, com sede de aprender”, como descreve Ozores.

Além de falar sobre a história da comunicação humana e a importância das Tecnologias de Informação, ele propôs aos participantes a criação de um museu itinerante a partir de trabalhos futuros dos adolescentes do projeto sobre a história da cidade. “Uma das monitoras descende de um dos três irmãos que, vindos do Ceará, fundaram o povoado de Morretes, que veio a se chamar Demerval Lobão em homenagem ao candidato a governador, morto em 1958, na rodovia que corta a cidade ao meio”, diz Ozores.

Na oficina de sábado, ele já começou a trabalhar redação com os adolescentes. “Comportamento nota dez e elogiado pelos monitores, que se surpreenderam com a tranquilidade dos jovens. Os trabalhos foram muito bons. A violência urbana, a falta de escola e de perspectiva de futuro são problemas que aparecem em todos os textos”, diz Ozores, que provocou a reflexão dos jovens sobre os temas retratados e sobre as iniciativas que eles podem adotar para um futuro melhor.

Ficou acertado que nas próximas oficinas os monitores continuarão o trabalho com os adolescentes na construção da história da cidade para o museu itinerante. Ozores também gravou imagens e depoimentos de monitores e jovens que participam das oficinas para utilização do material nos vídeos que serão produzidos pelo projeto.

Morro do Cristo

Em Pedreira, São Paulo, a principal atividade foi visitar o Morro do Cristo, um dos pontos turísticos da cidade, onde os adolescentes tiveram uma verdadeira aula de história com antigos moradores da cidade. O local foi ponto estratégico na Revolução Constitucionalista de 1932, servindo de trincheira para os combatentes da revolta protagonizada pelo estado de São Paulo, que tinha como objetivos derrubar o então presidente, Getúlio Vargas (1930-1945), e a convocação de uma Assembleia Constituinte. 

Os jovens também aproveitaram o alto do morro para soltar as pipas que eles mesmo montaram no sábado anterior. E, depois do passeio, também gravaram entrevistas.

Em Cascavel, no Paraná, os monitores apresentaram um vídeo sobre os diferentes tipos de moradia e os jovens fizeram relatos sobre suas casas – localização, tipo de construção, tamanho, quem são os moradores e quais espaços ele mais gostam de ficar.

Os adolescentes também começaram uma pesquisa na internet sobre o conceito geral e os detalhes das ruas onde moram, como a origem dos nomes e mudanças que puderam observar ao longo dos anos. O objetivo do trabalho é estimular a compreensão sobre a importância desse espaço para o funcionamento da cidade e para as relações sociais.