O que é
Embora o mundo sofra frequentes mudanças de comportamentos e de valores que afetam diretamente a juventude, ainda é na adolescência que os indivíduos passam a exercer a sexualidade com seus riscos associados, ampliam o convívio social, vivem a urgência de protagonizar a própria história, passam a tomar suas próprias decisões e a planejar o futuro, agora já nem tão distante.
Mas, apesar de contar com uma legislação exemplar de cuidado e proteção à criança e ao adolescente, o Brasil expõe grandes fragilidades: 61 por cento desses meninos e meninas vivem na pobreza, de acordo com relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado em agosto de 2018. Pobreza não apenas monetária, mas de múltiplas dimensões, que priva esses cidadãos de direitos básicos ao seu desenvolvimento, como educação, saneamento e informação.
Na saúde do adolescente, o país amarga alguns indicadores sombrios, como os de gravidez precoce, Doenças Sexualmente Transmissíveis, as DSTs, e mortes por Causas Externas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde(OMS), a violência é a principal causa de morte entre grupos de 10 a 15 anos de idade.
A extraordinária fase de transição da infância para a vida adulta, marcada por tantas descobertas, medos, ansiedades e responsabilidades exige, então, adaptações e ajustes que incluem desde os cuidados com o corpo até a mudança de hábitos e comportamentos decisivos para a saúde física e o equilíbrio psicossocial, que terão implicações diretas em todos os estágios subsequentes de suas vidas.
Com esse propósito, o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS), em parceria com a empresa BAYER, e contando com apoio do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), criou o CIDADANIA JOVEM, projeto que pretende contribuir para a formação integral dos adolescentes em condição de vulnerabilidade social, numa abordagem intersetorial que busca promover a saúde e favorecer o protagonismo dos jovens na construção da cidadania.
No Cidadania Jovem, a saúde é entendida como qualidade de vida: envolve o bem estar físico, mental, psicológico e emocional que meninos e meninas precisam durante a conturbada fase de transição da infância para a vida adulta. Entre os temas tratados estão a sexualidade, cuidados com o corpo, saúde, valores, família, convívio social e cidadania.
Além de atuar diretamente em oficinas com adolescentes das cinco regiões brasileiras, ao longo do desenvolvimento de suas ações o projeto capacita monitores, constrói metodologia de trabalho para que os municípios multipliquem a experiência e gerará documentos sobre Saúde de Adolescentes para disponibilizar aos profissionais da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, o SUS, além de vídeos voltados a diferentes públicos e um aplicativo para uso de adolescentes.
Oficinas
Em um primeiro momento, as oficinas do Cidadania Jovem beneficiam 500 adolescentes – 100 em cada um dos cinco municípios que representam as diferentes regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e Sul).
O público-alvo priorizado são adolescentes em situação de vulnerabilidade social com idade de 12 a 15 anos. Mas o conjunto de atividades considera a faixa etária estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069, de 1990 ), que é de 12 a 18 anos e, em casos excepcionais expressos em lei, aplicável até os 21 anos de idade.
A ideia é oportunizar o aprendizado em diferentes áreas do conhecimento para que os adolescentes sintam-se fortalecidos, enfrentem com mais leveza os conflitos comuns nessa fase, desenvolvam sua autoestima, superem possíveis situações de vulnerabilidade no ambiente em que vivem e passem a atuar como protagonistas na construção de suas histórias de vida.
É um trabalho de educação não formal, fora da grade curricular da escola. A ação educativa se estabelece a partir de palestras sobre saúde com especialistas convidados e oficinas semanais conduzidas por monitores previamente capacitados pelo projeto. Essas oficinas, que acontecem todos os sábados ao longo de 10 meses, pressupõem o trabalho com vistas à promoção da saúde e o desenvolvimento de atitudes e habilidades, tendo como base atividades em diferentes formas, como:
- arte e movimento,
- práticas esportivas,
- história, memória e identidade,
- protagonismo e ação comunitária
Formação de monitores
Em atividades presenciais e em Educação a Distância (EaD) o Cidadania Jovem promove a capacitação e oferece apoio permanente aos monitores, selecionados nas cidades onde o projeto é desenvolvido. Com essa capacitação, além da oportunidade de trabalhar nas oficinas do Cidadania Jovem, podem tornar-se agentes educacionais, capazes de desenvolver novos projetos que contribuam para a formação integral dos adolescentes de suas comunidades.
Produtos
Durante a realização do projeto, a equipe do Cidadania Jovem elabora os documentos “Manual Técnico para o Cuidado à Saúde do Adolescente na Atenção Básica” e o “Caderno de Promoção da Saúde do Adolescente” que serão disponibilizados pelo Conasems aos profissionais da Atenção Básica do SUS dos 5.570 municípios brasileiros.
O Cidadania Jovem também trabalha na produção de cinco vídeos sobre temas relacionados à adolescência, voltados a públicos distintos (adolescentes, pais e educadores e profissionais do SUS), além de um aplicativo para uso de adolescentes.